Quem é o Meu Próximo: a difícil tarefa de amar o outro
|Quem é o meu próximo? Na Bíblia, o “meu próximo” é todo aquele que porventura está perto de mim. Como o meu próximo também é alvo do amor de Deus, devemos, portanto, ser bondoso com ele. É exatamente isso que Jesus nos ensina.
Essa pergunta sobre o “próximo” foi feita por um doutor da lei que insistia em encontrar falhas no discurso de Jesus. Mas como sempre, Jesus foi além da capacidade acusatória de seus perseguidores. Por meio de uma parábola, a do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37), o mestre mostrou o ideal divino acerca da cumplicidade e do amor fraternal entre os seres humanos.
Diante disso, a pergunta do religioso também nos traz a reflexão a respeito de quem é o meu próximo. Como o Senhor nos ensinou que devemos amá-los como a nós mesmos. Por isso, saber quem é o próximo é muito pertinente. Se você quer se aprofundar mais nesta questão, venha comigo!
O amor desafia o sistema deste mundo
Em outra ocasião, Jesus foi mais enfático quando afirmou que o maior mérito do amor ao próximo estaria no grande desafio de orar e fazer o bem até mesmo àqueles que se nos perseguem.
Tal ensinamento não se adequa ao sistema que vigora sobre o nosso senso de justiça própria. Não admitimos, por exemplo, ter de amar pessoas que só nos causam dor e sofrimento. Parece ridícula a proposta de trégua, quando os nossos opositores ainda pelejam contra nós num relutante conflito.
É assim que pensa a maioria das pessoas com quem convivemos em nosso dia-a-dia. Muitos levam consigo a máxima: faça o bem a quem lhe convém! Aos inimigos, resta o ódio! É sobre essa condição que a humanidade tem caminhado.
Contudo, o modelo apresentado pelo Senhor Jesus ao doutor da Lei é a expressão exata de como temos falhado na observância do segundo grande mandamento, o que devemos amar nosso próximo.
Na parábola ensinada por Jesus, ele utilizou as figuras de dois personagens religiosos (sacerdote e levita), os quais acreditava-se, na melhor das hipóteses, eram os maiores exemplos de moralidade daquela época. Entretanto, sua crença honrava a Deus apenas de lábios, enquanto seu coração ainda permanecia distante dEle. (Mt. 15.8).
Por outro lado, aquele a quem Jesus atribui o papel de bom na parábola, era um samaritano, que na época era considerado pelos judeus como pertencente a uma nação distante de Deus. Este samaritano foi o único capaz de ajudar um homem que estava ferido, ao contrário dos religiosos que passaram longe do moribundo.
Diante disso, Jesus veio romper com todas as barreiras de inviabilidade, sejam elas de ordem social, política ou religiosa. Essa é a concepção cristã de quem é o próximo, pois coloca todos os homens em pé de igualdade entre as as pessoas, pois todos nós somos igualmente pecadores, mas carentes da glória de Deus.
Amamos o nosso próximo porque “somos iguais”
Entender que somos iguais perante o Criador de todas as coisas é o primeiro passo para se começar a exercer o verdadeiro amor ao próximo. Pois somente quando não pensamos em nós mesmos, porém na pessoa do outro, é que compreendemos a razão de sermos semelhantes.
Essa máxima do amor ao próximo é tão somente a extensão do nosso amor próprio. Exercer esse amor é, na prática, uma experiência ainda mais conflitante para o nosso egoísmo. Pois ele nos confronta naquilo que temos de mais particular: a nossa pessoalidade que por sinal, também é marcada pelo pecado.
Porém, partindo desse ponto de vista, é que ousamos pressupor o que Jesus quis ensinar ao dizer: “E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também” (Lc 6.31). Em outras palavras, o nosso próximo é todo aquele que de alguma forma está perto de nós. Assim, todos precisam ser alvos do nosso amor.
Amar ao próximo e praticar a bondade
Outro fator importante no aspecto da igualdade está relacionado à bondade com aqueles que necessitam. Por exemplo, quando eu amo o meu próximo como a mim mesmo, tudo que eu desejo de bom para mim desejo a ele também. E não somente isso. Tudo que desejo de bom para mim, tenho que me esforçar para também ajudar o outro.
Assim, a igreja primitiva viveu: Ninguém dizia que coisa alguma era propriamente sua, mas tudo lhes era comum (At 2.44). Por essa razão, é inadmissível que o cristão não dê a devida credibilidade a este princípio bíblico: precisamos de viver em comunidade. A igreja não pode ser um clube entre os crentes, mas uma comunidade de fiéis que querem servir ao Senhor e ao próximo.
Portanto, precisamos buscar com o nosso próximo essa vida em comum. A comunhão é, portanto, a ponte que nos liga ao próximo, a quem unicamente devemos nos permitir ser devedores de inexaurível amor (Rm.13.8)
O que a Bíblia fala sobre o próximo?
A Bíblia nos mostra que o nosso próximo também é imagem e semelhança de Deus, por isso ele deve receber nossa bondade e caridade. Mais importante do que saber quem é nosso próximo, precisamos nos comportar diante das pessoas que Deus colocou em nosso caminho, assim como colocou o Bom Samaritano ajudou aquela pessoa que ele encontrou em sua jornada.
E o que Deus fala sobre ajudar o próximo: por meio da Bíblia, percebemos que devemos fazer basicamente duas coisas: praticando a bondade e orando por nossos inimigos. Confira:
1- Praticando a bondade
Vemos que em todo o ministério de Jesus ele praticou o bem e espalhou as virtudes do reino de Deus. Seu amor com o próximo foi extremamente prático, ajudando as pessoas em todas as suas necessidades. Assim também deve ser nosso procedimento.
Devemos nos lembrar que este é o novo mandamento que Jesus nos deu: “Um novo mandamento dou a vocês: “Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros” (João 13:34). Ou seja, assim como Ele se entregou por nós e nos amou, também devemos fazê-lo em relação ao nosso próximo.
2- Orando pelos nossos inimigos
Jesus disse aos seus discípulos: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’. Mas eu digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem” (Mateus 5:43-44).
Esse com certeza é o nosso maior desafio como cristãos: praticar o amor diante dos nossos desafetos. Por mais que você não tenha um inimigo que te persegue, certamente convive com alguém que não tem qualquer afeição. Quando entendemos quem é nosso próximo, logo percebemos que até esses necessitam de nossas orações e do nosso apoio.
Assim como o samaritano da parábola ajudou aquele judeu ferido – sendo esse um possível inimigo – que também possamos também amar uns aos outros, inclusive àqueles que não estão no nosso ciclo comunitário, mas também são alvos do amor de Deus.